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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Um poema de Sylvia Beirute - Uma Casa em Beirute




UMA CASA EM BEIRUTE

"A sociedade só vive de ilusões. Toda sociedade é uma espécie de sonho colectivo. Essas ilusões tornam-se perigosas quando começam a parar de iludir." 

Paul Valéry


choramos como chuva maior, todas
as cores adormecem no objecto exterior, 
todos os ecos são lugares de som.
todo o objecto é exterior. toda a chuva é exterior.
todo o exterior é interior.
todas as casas da cidade são efervescentes,
no mesmo nível exteriores e interiores,
porque nada por dentro de nada
e tudo sobre nada.
e continuamos: choramos como chuva maior,
rasgamos cronologias, recortamos ralos de cérebro,
ouvidos de sonhos negros.
o caminho para a hora zero produziu
um desenho veloz e espião, lugar onde as cores
adormecem no avesso desflorado do nosso pátio
humano, nirvana de três patas,
onde os braços derretem e depois dissolvem
com o som, a cabeça, a arma, o fogo, a bíblia,
e eternizam como efémero ilógico.

Sylvia Beirute
inédito

4 comentários:

  1. uma mensagem, os tiros, um refúgio, uma casa isolada em beirute, um casal, uma maioridade, um mundo instantaneamente criado.

    brilhante como sempre, Sylvia.

    ResponderEliminar
  2. Adoro esta tua forma de escrever...
    Parabéns

    ResponderEliminar
  3. Choramos como chuvas, enquanto a natureza chora como nós... Moto perpétuo - águas que não cessam.

    Boa semana, Sylvia! Abraço.

    ResponderEliminar