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domingo, 26 de setembro de 2010

AULAS DE POESIA
























Há dias escrevi um breve ensaio a ser publicado proximamente numa revista. E aí abordava, entre outras coisas, os vários tipos de poesia - do mais simples ao mais complexo, do mais literal ao menos literal, do mais apreensível ao mais difícil ao alcance do leitor. Concluí, quanto a estes pontos, que mesmo a poesia que menos aprecio - a mais directa e "visualística" (sem retratos do interior e criação de cenários que não sejam os da vista) - é importante para o processo de educação do leitor de poesia, tarefa que, como se sabe, não é fácil. Creio, por outro lado, que o ensino (ou melhor, o estudo) da poesia nas escolas não é o mais indicado, uma vez que muitos dos alunos, em vez de se firmarem como leitores, ganham, isso sim, uma aversão ao género. Talvez a ambição do ensino seja o de formar intelectuais e não a de formar leitores. Bem o sei. Mas para tudo na vida é necessário recorrer a truques; truques que captem a atenção do menino que não quer aprender, daquele que meramente decora os aspectos essenciais da poesia do Álvaro de Campos ou do Alberto Caeiro. É lugar-comum dizer-se que "o importante são as bases". Não me parece que a poesia do Fernando Pessoa seja uma base. Longe disso. Talvez se se começasse a, pelo menos, fazer referência a autores portugueses dos mais acessíveis (poesia que propriamente nem necessita de ser estudada) talvez haja esperança e alguém comece a falar de poesia como "uma coisa que até é fixe". Aposto convosco que no futuro já haveria miúdos a ler Baudelaire, Herberto Helder, Nietzsche, e Samuel Beckett. Bastaria que algum provocasse os outros e sugerisse que o que estes liam seria "arte comercial". Que bom sonhar, não é?

1 comentário:

  1. De quando em vez leio as suas apreciações sobre poesia. Este pequeno texto li e reli, porque fiquei com imensas dúvidas. Gostaria muito de entender se, efectivamente, está a afirmar:

    1. A poesia (digo : a poesia, não a História da Poesia ou uma espécie de Hermenêutica Poética [seja a sua ou de outra pessoa. No contexto, entenda-se a que certos indivíduos decidiram como certa e escreveram num manual escolar] é ensinável.

    1.1. A poesia de Fernando Pessoa («do» Fernando Pessoa como a designa) não serve a esse ensino.

    1.1.1. Não entendi a razão.

    Se bem compreendi, defende aquilo que amiúde se designa por "nívelar por baixo" em termos educativos; convencida de que "o ensino do simples" fará, necessariamente, brotar o complexo. Ora, isto é o que se faz já no ensino português. Uma visão linear da percepção humana que, por natureza, é sistémica.
    Pareceu-me (posso estar errada) uma ideia tão distante da autora duma poesia absoluta e categoricamente abstracta que coloca o leitor não iniciado numa posição de sub-alternidade/absoluta incompetência para a compreensão do escrito. Quero dizer: esperava que fosse a primeira a defender um Fernando Pessoa como pilar/base. Por exemplo.

    A ambição da educação formal devia ser a de formar pessoas, mas isso é outra conversa.


    Por outro lado, não é verdade que a poesia seja introduzida no sistema educativo português por Pessoa. Desde o ensino pré-escolar até Pessoa (surge, como sabe, no secundário) há toda uma aprendizagem/uma musicalidade que começa na lenga-lenga e vai passando pelos «poeminhas» rimados... e autores diversos; olhe que a rima é... fundamental (uma base/um alicerce/uma ponte)...


    [Os defensores da Filosofia Analítica hão-de gostar bastante de ver aqui Nietzsche como poeta.]

    Sim, cara Sylvia sonhar é bom. Colocar como princípio educativo o aspecto comercial e o modismo é que é muito mau.

    Um prazer... lê-la.

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