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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A MÁQUINA DE JOSEPH WALSER: GONÇALO M. TAVARES

A MÁQUINA DE JOSEPH WALSER: GONÇALO M. TAVARES

Soube agora que o público brasileiro vai poder apreciar o romance A Máquina de Joseph Walser, do escritor português Gonçalo M. Tavares, livro pertencente à tetralogia O Reino (editada em Portugal pela Caminho), também apelidada de Os Livros Pretos, em razão das capas de fundo totalmente negro e   com letras brancas, prenúncio do ambiente que se pode encontrar nos quatro livros. Destes livros, o meu preferido é Um Homem: Klaus Klump, e confesso que Jerusalém, sendo inegavelmente um bom livro (vencedor do Prémio Saramago), me desiludiu um pouco, talvez por não ter encontrado nele tanta poesia como em Klaus Klump e Joseph Walser (e mesmo Aprender a Rezar na Era da Técnica), e pela escrita muito mais directa e menos reflexiva. Este A Máquina de Joseph Walser é um bom livro acerca da solidão e isolamento nas suas múltiplas faces e consequências. A relação com a máquina com que há muito o protagonista trabalha, conjuntamente com a misteriosa colecção que possui num quarto fechado a sete chaves, vai muito para além do óbvio, prendendo-o singularmente a uma realidade, sem a qual, a partir de certo momento, e alterado o que subjaz à sua substância, não conseguirá viver. Há como que, a meu ver, um reconhecimento de uma infelicidade estável, que se torna inofensiva, uma empatia com esse destino, a aceitação do dia-a-dia. Estou curiosa para saber como vai ser recebido esta "máquina" no outro lado do Atlântico, que sairá na editora Companhia das Letras. Aconselho, claro, aos meus leitores brasileiros.
 
 
«Não tinha sequer uma pistola, mas eliminara a grande fraqueza da existência, fizera desaparecer a primária fragilidade da espécie: não possuía qualquer inclinação para o amor ou para a amizade! E nesse momento, a caminhar em plena rua, desarmado, observando de cima os seus sapatos castanhos, velhos, sapatos irresponsáveis como troçava Klober, nesse momento Walser sentia-se tão seguro — e, ao mesmo tempo ameaçador — como se avançasse dentro de um tanque pela rua. Porém, subitamente, deu um salto para o lado. Quase pisara uma massa alta. Era um homem. E estava morto.»
 
Gonçalo M. Tavares em «A máquina de Joseph Walser»

2 comentários:

  1. e é com muito orgulho que o vejo à venda aqui nas livrarias.
    e também com o mesmo orgulho que vejo as palavras do gonçalo m. tavares na badana do novo do nuno ramos, 'o mau vidraceiro'.

    j

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  2. Confesso que fiquei com muita raiva ao ler o final de A máquina de Joseph Walser, por ter me dado uma horrível aflição de não poder saber o fim desse personagem tão irreverente, na minha opinião. É realmente um ótimo livro.

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