É lugar-comum falar-se em musas inspiradoras quando se aborda a obra literária de um autor, sobretudo um poeta. A esse respeito, achei interessantes as cartas de Philip Larkin a Monica Jones, onde se percebe claramente a influência da segunda em todo o processo criativo de Larkin. Pelo que li, há trechos desses documentos que são puras peças de literatura. Para quem não conhece este poeta inglês, partilho um poema:
Estranho nada saber, nunca ter a certeza
Do que é verdadeiro, certo ou real,
Forçado então a dizer pelo menos é o que sinto
Ou Bom, é o que parece:
Alguém deve saber.
Estranho ignorar o modo como as coisas funcionam:
A sua capacidade de encontrar o que necessitam,
O seu sentido de forma, e o espalhar da semente preciso,
E a sua vontade de mudar;
Sim, é estranho,
Trazer vestido até tal conhecimento – pois a nossa carne
Cerca-nos com as suas próprias decisões –
E ainda assim gastar a vida em imprecisões,
Tanto que quando começamos a morrer
Nem fazemos a ideia do porquê.
Philip Larkin
tradução de Pedro Silva Sena
Tenho apenas um livro de Larkin, "Janelas Altas". Tenho vindo a descobri-lo nos últimos tempos. Gostei muito, portanto, deste post e do link. :)
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