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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

CAROLINA CAETANO - A PAREDE, A SUA VIDA - POEMA
























Um dia destes, com mais tempo, quero dedicar-me a uma reflexão sobre a poesia publicada na internet versus a poesia publicada em papel. Apesar de a densidade de qualidade mínima ser menor nas publicações online, parece-me que, feita uma selecção a partir dos poetas aceitáveis até aos bons poetas, haverá alguma vantagem para a poesia da internet. Claro que a isto não é alheio o facto de as editoras que editam poesia serem organizadas de um determinado modo, com fins diversos da qualidade estrita. O que é caricato, e aqui o meu ego levanta claramente, é que alguns blogues que se dedicam à poesia são muito mais lidos (e falo de uma leitura fiel, não as visitas simplesmente direccionadas pelo google) do que qualquer edição de poesia em Portugal ou no Brasil. Esta conversa vem a propósito do blogue da poetisa brasileira Carolina Caetano, que, por ter colocado o meu link no seu espaço, veio até ao meu "uma casa em beirute", facto que notei pelo meu sitemeter. A qualidade desta escrita dispensa qualquer comentário meu, adensando a discussão que acima lanço.

A PAREDE, A SUA VIDA

Para Marina.

Devo-lhe ser este novembro custoso
como custaram-lhe as ingratas paciências
e o mês de agosto, não de menos, quando
tolos os meses se antecediam uns aos outros
antes embebia outras datas num só rolo
trouxe até a me pintar toda parede, e a parede
que afaga a colorir seus outros dedos
E suas datas mais próximas apetecem ou descansam
aos arredores da casa sua
a sua vida é besta, a sua vida é besta
e eu deitei-me sob ela
aos arredores da casa sua
a sua vida é besta, a sua vida resvala
escorrendo-me à cabeça
entornando pelas eiras
Se correr à calha a esta altura
a sua vida me aproveita, eu já sou outra parede
a minha vida é besta, a minha vida é besta.

Carolina Caetano
.

2 comentários:

  1. [... não posso estar mais de acordo com a reflexão, Sylvia.

    E quanto à Carolina? O difícil é a escolha "dum poema" entre tantos...]

    Um imenso abraço,

    LB

    ResponderEliminar
  2. Sylvia, ainda ontem eu visitei seu blog pela manhã e li calmamente cada postagem que vinha anterior a esta (o susto de ver seu carinho foi só mais à tarde). Estive pensando em quantas pessoas lêem nossos textos com atenção devida sem que saibamos. Sim, porque o que mais me moveu a pensar nos casos, foi o caso de eu raramente comentar em blogs que leio, praticamente, todos os dias.
    Ainda ontem, também, eu havia pensado sobre a necessidade ou mérito de se lançar um impresso, sobre certas escritas geniais que tenho encontrado nos blogs (você e Leonardo, a exemplo, foram desde o primeiro momento uma surpresa arrebatadora em minha leitura). E sua reflexão é pano comprido pra fazer muita manga, sem dúvidas, além de ser extremamente necessária e inevitável.
    Mas, por fim de contas, depois do susto, eu vim lhe escrever, especialmente, minha gratidão por sua delicadeza, sua atenção e sua maestria. Sempre fiquei feliz em ler-te e, desta vez, redobra minha felicidade.
    Um beijo enorme!

    ResponderEliminar