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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MIKHAIL BAKHTIN: COMPREENSÃO DO TEXTO




































Compreender o texto como o compreendia o próprio autor. Mas a compreensão pode e deve ser superior à dele. Uma obra, poderosa e profunda, é, sob muitos aspectos, inconsciente e portadora de sentidos múltiplos. A compreensão faz com que a obra se complete com consciência e revela a multiplicidade de seus sentidos. A compreensão completa o texto: exerce-se de uma maneira activa e criadora. Uma compreensão criadora prossegue o acto criador, aumenta as riquezas artísticas da humanidade. Co-criatividade do compreendente.
Compreensão e juízo de valor. Compreender sem julgar é impossível. As duas operações são inseparáveis: são simultâneas e constituem um acto total. A pessoa aproxima-se da obra com uma visão do mundo já formada, a partir de um dado ponto de vista. Esta situação em certa medida determina o juízo sobre a obra, mas nem por isso permanece inalterada: ela é submetida à acção da obra que sempre introduz algo novo. Somente nos casos de inércia dogmática é que nada de novo é revelado pela obra (o dogmático atém-se ao que já conhecia, não pode enriquecer-se). Compreender não deve excluir a possibilidade de uma modificação, ou até de uma renúncia, do ponto de vista pessoal. O acto de compreensão supõe um combate cujo móbil consiste numa modificação e num enriquecimento recíprocos.

Mikhail Bakhtin
em Estética da Criação Verbal
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