ANTES DO POEMA
antes do poema.
antes do poema tens de resolver
os problemas da tua inexistência, dizem eles.
eu não existo, dizem eles.
ou existo num corpo que não é meu, um corpo
de tumulto e consciência
sem objecto ou uma sorte que impeça
que cada palavra coabite
com o seu espírito.
e as suas mentes exercitam
a minha inexistência,
agora sei, numa existência sem
elementos e princípios,
enquanto eu, entre inteira e primaveril,
existo para mim e para ti se quiseres,
existo para o sol
e para a chuva, existo para o poema,
sou o poema.
este poema. este momento.
histórico.
antes do poema.
antes do poema, tens de resolver
os problemas
da tua inexistência, dizem eles,
sem saberem do que falam,
embora eu
estranhamente e numa banheira de gelo,
acabe por concordar,
e me apeteça dexistir.
Sylvia Beirute
inédito
.
Muito belo!
ResponderEliminarDeixa-me
editá-lo
no meu
blog.
ab.,
vasco
Espetacular!
ResponderEliminarO "sentir" do poema em diálogo!
Bravíssimo, Sylvia!
Beijos
Mirze