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sexta-feira, 1 de abril de 2011

UM OUTRO POEMA DE AMOR - SYLVIA BEIRUTE























UM OUTRO POEMA DE AMOR

o nosso amor não tem cultura,
não tem competências ou uma só entidade
que possa ser contactada
em caso de pré-morte;
não contempla todas as regiões
de um sábado ao fim da tarde, sinos
que reverberam na lembrança
imediatamente anterior, fazendo
ligar todo o tempo.
o nosso amor não tem inesquecibilidades
penduradas ao pescoço, um coração
cercado por uma bênção branca,
não tem categorias vocais,
fundamentalismos que sejam passagens
e pontes, transições para registos
graves e inerentes à singularidade
de um perceber-se a si mesmo
em cada segundo-ilha.
o nosso amor não tem amor
e mesmo a palavra que o assinala
vai perdendo as suas sílabas.

Sylvia Beirute
inédito
.

5 comentários:

  1. Esse amor é o mais intrigante das nossas vidas: simplesmente não tem história. E tudo o que dele dele levamos são projeções, suposições, um não-lugar. Lembra-me algo assim: "nem planejamos uma saudade junta".
    Continuo admirador de seu blog, das críticas que faz, e sobretudo de sua própria poesia. Espero, doravante, ter mais tempo de deter-me nessa sua casinha branca.

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  2. Bom, nao tenho muito a dizer, apenas que fico maravilhado de cada vez que me "encontro" no que escreves... E tive a ousadia de publicar no meu blogue;) Parabens

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  3. Caderno de poesias

    Caderno de poesias
    é um belo lugar.
    Tantas coisas lindas
    que eu gostaria de falar.
    Eu falo em forma de versos
    para todos poderem escutar.
    Agora você já sabe
    por que os poetas passam os dias
    escrevendo em seus cadernos de poesias.

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  4. Sylvia, primeiramente, que prazer em conhecer sua poética.

    Encantei-me com seu talento. Esse poema sobre o amor é belíssimo. "o nosso amor não tem amor e mesmo a palavra que o assinalavai perdendo as suas sílabas". O amor existe no romantismo exacerbado, nas palavras exaltadas, ou num simples olhar sem pretensão alguma? O amor existe como sentimento ou entidade, que julga posse?

    Sylvia, obrigado por me conduzir a tais reflexões.
    Prazer, Lohan.

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