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segunda-feira, 23 de maio de 2011

INTERVALO DE VELUDO - POEMA - SYLVIA BEIRUTE

























INTERVALO DE VELUDO

o dia no frasco cansa a vítima que em mim
ouve galos e todo o acontecido por ordem 
a vida exausta 
na infindável segurança da morte
nada de semelhante 
nada de cinzas na frequência
que mais sofre 
nada que conserve nas janelas
a recordação da febre alta e ténue
na visão prática da origem
e eu não sei ainda como libertar o dia
do frasco e o frasco do dia e o dia
da vítima que morre por mim quando
de mim nada espera
nada distingue na higiene íntima
no medo sagrado dos braços
que abraçam a intempérie
do quarto.

Sylvia Beirute
inédito
.

2 comentários:

  1. Sylvia... Há tanto que se dizer. Nem o faço, torna-se difícil aqui. A cada vez que aqui venho, não digo do que acumulo e penso, (acumulo e penso), você é maravilhosa. E é grande. (E é grande).

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