Subscribe

RSS Feed (xml)

Powered By

Skin Design:
Free Blogger Skins

Powered by Blogger

quinta-feira, 21 de julho de 2011

POEMA PARA RENAN NUERNBERGER - SYLVIA BEIRUTE

























POEMA PARA RENAN NUERNBERGER

dislike it. o corpo está numa cidade inexacta
espalhado por trinta e dois poemas. cada poema 
está equidistante do corpo.
a impossibilidade adquire a graça do segredo 
e a música prolifera na água.
dislike it. e diz agora diz simplicidade
nas afirmações que se tornam
experiência. que o futuro é um compêndio de estilo,
o meu estilo é um compêndio de futuro,
o meu compêndio é um futuro de estilo
próximo da cidade incisiva e com sede.
e tu dizes dislike
de toda a página que encobre
os poemas que são mesmo poemas,
a velhice que se encerra na beleza dos dedos,
enquanto as palavras dão lucro
e fazem um homem rico quando em silêncio, 
quando flutuando às claras sobre as cabeças pensando
a mais inconfundível devolução.

Sylvia Beirute
inédito
.

1 comentário:

  1. Sylvia, obrigado pelo poema!

    o diálogo, ainda que implícito, agrada-me mais que o monólogo. escrevo sempre "em relação" – como se, escrevendo, comentasse minhas leituras (e, quem sabe um dia, as coisas do mundo).

    acho que, neste poema, você aponta algumas questões que me rondam por ora. fico pensando sobre as permutações em

    "(…) o futuro é um compêndio de estilo,
    o meu estilo é um compêndio de futuro,
    o meu compêndio é um futuro de estilo"

    e a promessa que os primeiros escritos propõem: não há, ainda, uma poética completamente consistente mas uma profusão de tentativas que se ordenam de forma provisória (os próximos poemas podem desmentir todo o conjunto).

    "a impossibilidade adquire a graça do segredo", você escreve. e me lembro que, apesar das madrugadas em claro atrás da palavra exata (no coração da cidade inexata), é tudo linguagem: a resolução adequada, como um estribilho que nunca se esquece, deveria se dar na vida – utopia poética de, pelo menos, um século.

    "lutar com as palavras é a luta mais vã" (Drummond) ou "o sol doura sem literatura" (Pessoa). todavia, aqui estamos entre poemas e em diálogo: que se permaneça assim (feito uma promessa de estilo) até quando possível, parece uma paradoxal necessidade.

    PS: em tempo: de quem é a foto que ilustra o post? gostei dos tons fortes e do falso sol, destaque amarelo de um céu de ocaso, com o qual a silhueta humana não coincide (o que talvez tenha a ver com minha poesia).

    ResponderEliminar