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quarta-feira, 21 de março de 2012

EU NÃO QUERO CONCORDAR COM BECKETT - POEMA - SYLVIA BEIRUTE























EU NÃO QUERO CONCORDAR COM BECKETT

eu não quero concordar com beckett ou com tudo
o que morre em metáforas.
há algures um contrato de não discrepância
entre aqueles
que pensam e aqueles que sonham.
eu poderia até concordar com vinícius
ou manoel de barros,
quem sabe com jovens poetas como ricardo domeneck
ou ben clark. mas não.
hoje não. não esta noite. esta noite
há um sorriso artesanal que sustenta por um lado
a minha falsidade, por outro a minha verdade.
há uma vontade expressa entregue às traças
e predilecções no seu mapeamento
sem regras. há uma cabeça que faz 360º.

eu não quero concordar com qualquer poeta
que amplifique o mundo.
o que eu quero é conseguir dizer-me do tamanho
que sou. que sou assim desordenada, com
aquilo que um dia chamei de prática
do meu desconserto, com o ínfimo branco
de uma folha que apaga as palavras.

mas afinal:
o que são as palavras?

Sylvia Beirute
inédito
.

11 comentários:

  1. Quando o poeta se volta para dentro, espreme para fora um belo poema como este.

    Abraços.

    PAZ e LUZ

    ResponderEliminar
  2. Belíssimo, Sylvia. Aprecio muito a sua escrita apurada.

    Beijo.

    ResponderEliminar
  3. Quando se diz o que vai na alma, é porque é verdade aquilo que se diz.
    Palavras minhas.
    Tomanel

    ResponderEliminar
  4. Sempre que um poeta escreve, diz aquilo que sente, melhor, que lhe vai na alma.
    Bjcas

    ResponderEliminar
  5. mas afinal:
    o que são as palavras?
    ------
    As palavras são muita coisa! Direi apenas que: _pela palavra se ama, pela palavra se odeia.
    --------
    Felicidades
    Manuel

    ResponderEliminar
  6. "[...]eu não quero concordar com qualquer poeta
    que amplifique o mundo.
    o que eu quero é conseguir dizer-me do tamanho
    que sou.[...]"

    Isto é um lema de vida, Sylvia. O que quer que isto signifique (ser lema).

    Fiquei salutarmente estupefato.

    Abraços.

    ResponderEliminar
  7. As palavras são os cambiantes negros de Beckett, a revolta dos homens sãos ou os murmúrios dos desejos das pessoas simples.
    As palavras são estruturas convencionadas, formas tensas de moldar os jorros de criatividade orgânica.
    As palavras são a necessidade e o excesso, a diferença entre um olhar verdadeiro e o verdadeiro olhar.

    Gostei bastante do teu poema. Obrigado pela partilha!

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