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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um poema de Sylvia Beirute - Inflorescência





















 INFLORESCÊNCIA

                                    {a um amigo íntimo}

se eu florescesse. {  } mas tudo teria um artifício sólido
se eu florescesse:
os ouvidos sofreriam porque a condensação da flor os não atende,
pôr-me-ia em estufa e conheceria
os mistérios dos lírios e os pequenos sofrimentos
que secretamente os mantêm ora vivos
ora sobrevivos, e não
veria tudo o que de comboio a vida
continuamente apresenta e perturba.

se eu florescesse, sendo puramente artística, fal-
tar-me-ia a personalidade e uma lógica soberba
que me fizesse descer à Poesia.
por fim, e esta é a diferença fundamental, se eu florescesse
alguém poria, sem
redimição possível, as lágrimas em mim.

Sylvia Beirute
inédito

9 comentários:

  1. Gostei muito do teu blogue. Parabéns. Obrigado por seguires o meu.
    Beijo

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  2. Sylvia, já não está em estufa nenhuma de lírios sofredores. A diferença é que floresce em liberdade plena. E não desce à poesia. Faz poesia. Pelo que ninguém lhe põe as lágrimas.

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  3. isso daria uma boa discussão, daniel. se imaginar este florescimento como algo para além do corpo e do tempo de vida, e se imaginar as lágrimas como lágrimas de outrem sobre o suj. poético, talvez se coloque na perspectiva da minha visão:)

    um abraço a todos e os meus sinceros agradecimentos pelos simpáticos comentários.

    Sylvia.

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  4. mesmo sem quereres floresces no que escreves :)

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  5. se eu florescece... deixaria de ser visível, aquilo a que tendo despareceria nessa consumação, perder-se-ia o perfume da hipótese, a falibilidade da sedução e o belo vago da imperfeição, se eu florescesse ficaria só comigo e deixaria de poder estar contigo.

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  6. Uma excelente surpresa, o teu blogue. SSóbrio, conceptualmente irrepreensível. Os textos numa poética contemporânea, sem rima, sem métrica, com muita inovação.

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  7. lágrimas, pingos de granito


    :) lindos poemas os teus.


    camille

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