Subscribe

RSS Feed (xml)

Powered By

Skin Design:
Free Blogger Skins

Powered by Blogger

domingo, 6 de dezembro de 2009

Um poema de Sylvia Beirute - Conoscenza




























CONOSCENZA

{o teu reconhecimento é a tua dependência},
não o deixes passar da fase da costura.
surge. insurge. inespera.
adquire expressões através do
eco difuso dos vegetais, coloca-te
nas ranhuras da madeira.
há uma vida imprópria algures.
pode não ser como aquela que espera
na plumagem de uma memória
por antecipação, mas protege o silêncio
e não deixa coagular o sangue.
{o teu reconhecimento é a tua dependência},
e quanto mais o memorizares
mais afastado estarás
dos lados obtusos de quem te deseja habitar
e da semântica temporal
das pessoas que te pedirão um
poema bonito,
e nada pior do que escrever
um poema bonito.


Sylvia Beirute
inédito
  
(firenze, centro storico, 3 de dezembro de 2009)

8 comentários:

  1. Gosto muito dos seus poemas... São diferentes e é isso, principalmente, que me desperta a curiosidade para lê-los porque, tal como disse, "nada pior do que escrever um poema bonito". Se os seus poemas fossem tipicamente bonitos, com rimas e versos emparelhados, talvez já não despertassem em mim o que despertam. Nem tudo que é diferente é feio, por isso, para mim continuam a ser bonitos mas dotados de uma beleza única. Parabéns!

    ResponderEliminar
  2. Sylvia, gostei muito do poema, me fez lembrar as palavras de Quintana: "um poeta satisfeito não satisfaz"; e este seu poema caminha nesse sentido, vai para além de um "poema bonito". ele não só endaga o poema como também o poeta, sem deixar de lado o leitor, pois desvenda a este uma outra postura. Não fazer do que agrada uma fôrma, não criar molduras é uma grande sacada para que possa sempre acolher de forma livre quem de alguma forma busca essa palavra. Parabéns!

    Um grande abraço
    e um ótimo domingo,
    Geraldo.

    ResponderEliminar
  3. autenticidade ímpar nestes poemas.

    ResponderEliminar
  4. Fiquei muito feliz com esse poema. =) Eu fico me cobrando demais às vezes, acho que preciso escrever poemas mais bonitos pq as pessoas não podem apreciar o que escrevo às vezes. Penso agora que talvez a beleza do que escrevo tenha em si alguma sutileza, uma mensagem secreta que só uns poucos vão desvendar.

    Beijo carinhoso. =*

    ResponderEliminar
  5. quanto mais memória se torna, mais afastado... concordo.

    obrigado pela visita, vou dar uma olhada por aqui.

    ResponderEliminar
  6. a palavra a dizer: mancha o indizível!
    Beijo

    ResponderEliminar
  7. O proselitismo é o pior inimigo do poeta. A poesia vive da e para a intimidade.Não existe fora desse círculo. O leitor é um intruso. Um dia virá a descobri-lo.

    ResponderEliminar