NOCTURNO DE PELE
de muitas coisas não saberei o que constitui a memória,
se aquele mergulho tardio na ferida aberta,
se o susto de acordar sem corpo,
se o revelador de objectos de carne
sobre a pele, na plenitude da auto-devolução.
talvez a lembrança de lhe apagar o rasto
a represente condignamente, ou então
a disjuntiva "ou" num tempo espacial infinitivo.
se fosse pela poesia, o que não recomendo,
destacaria o entendimento emocional de pitágoras
ou quando me perguntaste com um átomo sublime:
{sabias que os narizes dos gatos são frios?}
Sylvia Beirute
inédito
Sylvia, parabéns pela tua escrita.... é reveladora de uma grande criatividade...
ResponderEliminarGostei muito deste poema!
Beijinho
Sylvia, a tua poesia é de uma profundidade incrível! mas confeço que sinto medo, acho que é normal, o desconhecido sempre nos assusta. a tua poesia é diferente, nem por isso eu a deixo e parto. não. pelo contrário, gosto de ficar aqui. fico quieto entre tuas palavras mais perdido do que achado, e eu quero assim, não quero me encontrar, quero me perder para ter para onde ir sempre. quero sentir que "os narizes dos gatos são frios".
ResponderEliminarUm abraço e uma ótima semana!
Geraldo.
como as coisas estao e pela minha experiencia, nao te metas com editores, sylvia. com um talento desses podes fazer tudo sozinha, sem passar cavaco a ninguém, e um dia tens a admiração de todos. vai por mim.
ResponderEliminarja agora:
ResponderEliminarmandei-te um e-mail. pensa nisso.
Da incerteza a certeza de que os narizes dos gatos são frios. Deixo-te um poema que da mesma forma que o seu me causa algo de assustador no final. Claro, nao estou comparando obras, mas há uma beleza inerente a ambas que me deixam em estado de deslocamento.
ResponderEliminarAmei seu poema e abaixo vai um de Adélia Prado:
Resumo
Gerou os filhos, os netos,
deu à casa o ar de sua graça
e vai morrer de câncer.
O modo como pousa a cabeça para um retrato
é o de que, afinal, aceitou ser dispensável.
Espera, sem uivos, a campa, a tampa, a inscrição:
1906 - 1970
SAUDADE DOS SEUS, LEONORA.
"se aquele mergulho tardio na ferida aberta"
ResponderEliminarEsse, da minha parte, não haveria dúvidas.
Mais um lindo texto.
Parabéns.
Beijos.
Pois é, Sylvia, mas a emoção está ai a nos acometer e no tempo, a memória é o que conserva o passado que nos escravisa e corrói.
ResponderEliminarBelíssimo texto poético.
Beijos.
Não, não sabia dos narizes dos gatos. E de tantas outras coisas...
ResponderEliminarBelo escrito ;)
Um poema que obriga a uma e mais leituras. O que nunca acontece com
ResponderEliminara poesia medíocre.
JE-N