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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um poema de Sylvia Beirute - Pequeno poema para a Morte






















PEQUENO POEMA PARA A MORTE


                                           que a palavra te redima do erro. que a palavra seja o erro.
                                                                                                                      luís quintais


primeiro: preparar a sombra. rumorejá-la. desflorá-la.
segundo: escolher o objecto. fixá-lo. intuí-lo. medi-lo.
terceiro: retirar o objecto lentamente. analisar a sombra.
quarto: estender o corpo populoso no solo, sobre a sombra.
quinto: imaginar o objecto excluído.
sexto: sentir o corpo adquirir a forma do objecto excluído.
sétimo: sentir a sombra percorrer a distância
entre o corpo e o objecto excluído como se tivesse
havido contemporaneidade entre os dois.
oitavo: analisar a sombra do ponto de vista dos relevos
adquiridos e danos residuais.
nono: excluir a sombra. {o terno é a antítese do eterno}
décimo: fechar o corpo.

Sylvia Beirute
inédito

firenze, centro storico, 3 de dezembro de 2009

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