Subscribe

RSS Feed (xml)

Powered By

Skin Design:
Free Blogger Skins

Powered by Blogger

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um poema de Sylvia Beirute - Nocturno de pele




























NOCTURNO DE PELE

de muitas coisas não saberei o que constitui a memória,
se aquele mergulho tardio na ferida aberta,
se o susto de acordar sem corpo,
se o revelador de objectos de carne
sobre a pele, na plenitude da auto-devolução.
talvez a lembrança de lhe apagar o rasto
a represente condignamente, ou então
a disjuntiva "ou" num tempo espacial infinitivo.
se fosse pela poesia, o que não recomendo,
destacaria o entendimento emocional de pitágoras
ou quando me perguntaste com um átomo sublime:
{sabias que os narizes dos gatos são frios?}

Sylvia Beirute
inédito

9 comentários:

  1. Sylvia, parabéns pela tua escrita.... é reveladora de uma grande criatividade...

    Gostei muito deste poema!

    Beijinho

    ResponderEliminar
  2. Sylvia, a tua poesia é de uma profundidade incrível! mas confeço que sinto medo, acho que é normal, o desconhecido sempre nos assusta. a tua poesia é diferente, nem por isso eu a deixo e parto. não. pelo contrário, gosto de ficar aqui. fico quieto entre tuas palavras mais perdido do que achado, e eu quero assim, não quero me encontrar, quero me perder para ter para onde ir sempre. quero sentir que "os narizes dos gatos são frios".

    Um abraço e uma ótima semana!
    Geraldo.

    ResponderEliminar
  3. como as coisas estao e pela minha experiencia, nao te metas com editores, sylvia. com um talento desses podes fazer tudo sozinha, sem passar cavaco a ninguém, e um dia tens a admiração de todos. vai por mim.

    ResponderEliminar
  4. ja agora:

    mandei-te um e-mail. pensa nisso.

    ResponderEliminar
  5. Da incerteza a certeza de que os narizes dos gatos são frios. Deixo-te um poema que da mesma forma que o seu me causa algo de assustador no final. Claro, nao estou comparando obras, mas há uma beleza inerente a ambas que me deixam em estado de deslocamento.

    Amei seu poema e abaixo vai um de Adélia Prado:

    Resumo

    Gerou os filhos, os netos,
    deu à casa o ar de sua graça
    e vai morrer de câncer.
    O modo como pousa a cabeça para um retrato
    é o de que, afinal, aceitou ser dispensável.
    Espera, sem uivos, a campa, a tampa, a inscrição:
    1906 - 1970
    SAUDADE DOS SEUS, LEONORA.

    ResponderEliminar
  6. "se aquele mergulho tardio na ferida aberta"

    Esse, da minha parte, não haveria dúvidas.

    Mais um lindo texto.
    Parabéns.

    Beijos.

    ResponderEliminar
  7. Pois é, Sylvia, mas a emoção está ai a nos acometer e no tempo, a memória é o que conserva o passado que nos escravisa e corrói.

    Belíssimo texto poético.

    Beijos.

    ResponderEliminar
  8. Não, não sabia dos narizes dos gatos. E de tantas outras coisas...

    Belo escrito ;)

    ResponderEliminar
  9. Um poema que obriga a uma e mais leituras. O que nunca acontece com
    a poesia medíocre.
    JE-N

    ResponderEliminar