A DEFINIÇÃO DO SILÊNCIO
porque o tempo é de corpo, {de passagem},
porque a boca é de nomes próprios, do verbo viver-morrer
dobrado sobre si mesmo como duas cores
que se misturam e imitam,
porque a tua borboleta percorre um pequeno país
que bate as asas no sentido oposto,
porque vens sem corpo, por entre os satélites, em
direcção ao amor conclusivo,
porque o lugar que há em ti não tem onde ficar:
o silêncio é a recompensa da tua permanência.
mas quem decifra o silêncio, querido herberto,
não é quem permanece.
Sylvia Beirute
inédito
pro
ResponderEliminarfundo
subaquático
BELISSIMO POEMA ! ADORO SEU JEITO DE ESCREVER !
ResponderEliminarPRAZER E HONRA ESTAR AQUI TAMBEM PARA TE DESEJAR UM FELIZ NATAL !
BEIJO GRANDE PRA VOCE !
Amei Sylvia! Lindissimo, bem sintonizado com o meu sentir actual. Obrigada por me teres feito descobrir este teu cantinho. A partir de hoje, viajo por aqui também.
ResponderEliminarUm bom ano para a tua Casa em Beirute e que nela possas realizar todos os sonhos que te moram do lado esquerdo do peito :-)
Danilo Sérgio Borges:
ResponderEliminarSylvia, é apenas o segundo poema que leio vindo de ti. Sabe-se um poeta pelas primeiras palavras, quiçá pelo silêncio antecipando o dizer; é o que fizestes. O diálogo com Herberto Helder é outro mistério. Ele não vive, escreve. E que bom para nós que não o somos(invejo-o porém) enfim. Também escrevo, sem tanto engenho contudo, queria dizer-me a ti, e se não me reconheceres antes mesmo das primeiras palavras, ignora-me. "Só quem muito se agiganta morre amiudado" máxima do livro " Adágios Que Minha Avó Nunca Disse E Leva A Culpa, vol único"
da série:
"poemas para pessoas secretas"
a.
a vontade é uma vontade sempre de sentido,
a coisa querida é sentida antes de ser real,
o calor do sol é querer seu sentir antes de ser manhã,
enquanto contínuo momento e fruição,
antes de qualquer consciência das auroras.
o encontro dos dias é uma estação secreta,
e a sensação do que existe, do que inexiste:
é um estar suspenso acima das impressões.
o inexistente é que fere maior o sentido
do que não percebemos e está sozinho na sua solidão
de desejo por ser, caindo de abismo se encontrar.
o que é real antes toca o que não foi, e revela o mundo inteiro,
malgrado ser a sua natureza, ou uma pedra ou uma perda!