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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um poema de Sylvia Beirute - A Definição do Silêncio




















A DEFINIÇÃO DO SILÊNCIO

porque o tempo é de corpo, {de passagem},
porque a boca é de nomes próprios, do verbo viver-morrer
dobrado sobre si mesmo como duas cores
que se misturam e imitam,
porque a tua borboleta percorre um pequeno país
que bate as asas no sentido oposto,
porque vens sem corpo, por entre os satélites, em
direcção ao amor conclusivo,
porque o lugar que há em ti não tem onde ficar:
o silêncio é a recompensa da tua permanência.

mas quem decifra o silêncio, querido herberto,
não é quem permanece.

Sylvia Beirute
inédito

4 comentários:

  1. BELISSIMO POEMA ! ADORO SEU JEITO DE ESCREVER !
    PRAZER E HONRA ESTAR AQUI TAMBEM PARA TE DESEJAR UM FELIZ NATAL !
    BEIJO GRANDE PRA VOCE !

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  2. Amei Sylvia! Lindissimo, bem sintonizado com o meu sentir actual. Obrigada por me teres feito descobrir este teu cantinho. A partir de hoje, viajo por aqui também.
    Um bom ano para a tua Casa em Beirute e que nela possas realizar todos os sonhos que te moram do lado esquerdo do peito :-)

    ResponderEliminar
  3. Danilo Sérgio Borges:

    Sylvia, é apenas o segundo poema que leio vindo de ti. Sabe-se um poeta pelas primeiras palavras, quiçá pelo silêncio antecipando o dizer; é o que fizestes. O diálogo com Herberto Helder é outro mistério. Ele não vive, escreve. E que bom para nós que não o somos(invejo-o porém) enfim. Também escrevo, sem tanto engenho contudo, queria dizer-me a ti, e se não me reconheceres antes mesmo das primeiras palavras, ignora-me. "Só quem muito se agiganta morre amiudado" máxima do livro " Adágios Que Minha Avó Nunca Disse E Leva A Culpa, vol único"

    da série:

    "poemas para pessoas secretas"

    a.

    a vontade é uma vontade sempre de sentido,
    a coisa querida é sentida antes de ser real,
    o calor do sol é querer seu sentir antes de ser manhã,
    enquanto contínuo momento e fruição,
    antes de qualquer consciência das auroras.
    o encontro dos dias é uma estação secreta,
    e a sensação do que existe, do que inexiste:
    é um estar suspenso acima das impressões.
    o inexistente é que fere maior o sentido
    do que não percebemos e está sozinho na sua solidão
    de desejo por ser, caindo de abismo se encontrar.
    o que é real antes toca o que não foi, e revela o mundo inteiro,
    malgrado ser a sua natureza, ou uma pedra ou uma perda!

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