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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Um poema de Sylvia Beirute - Intuição















INTUIÇÃO

intuição. a arte mutila a intuição.
a leitura é intuitiva e a sua intuição
mutila a mutilação da intuição
que é a arte.
a leitura é a desproporção da criação, des-
programa-a,
desjustifica-a, avalia-a.
e previamente, hoje penso com a intuição
e verificação dos vaga-lumes
da tarde que intui o sol que cai
e assim, indirectamente, coloca
a intumescência das sombras
nos rostos e nas palavras com formato
de insecto
e nas possibilidades profundas da matéria
do rio implícito e anivelado.
daí a ressalva erógena para poder dizer que
apesar de viver dentro de um silêncio intuitivo,
eu lhe despertenço.

Sylvia Beirute
inédito

1 comentário:

  1. Neste poema também encontrei Manoel de Barros. Na vontade da transfusão com a natureza. Na busca do estado de despertença que faz escrever sobre o chão. Belíssimo, Sylvia. Do Manoel, gosto muito da trilogia Memórias Inventadas. Vou te acompanhando. Adriane B.

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