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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Jorge de Sena e a Linguagem


























Em 1943, (em Correspondência – carta a Guilherme de Castilho) Jorge de Sena manifestava a consciência de que a relação entre as diversas artes não cabe nos limites de uma lógica da identidade passível de sustentar um sistema de correspondências: «a poesia tem andado subordinada a considerações de ordem plástica – quando, afinal, a obra plástica é tirada do nada por adição de matéria e a obra poética é tirada da matéria por adição de um nada excessivo que não é escolha mas aceitação».

Mais tarde (em Antigos e Modernos), já transcorrida a experiência de Metamorfoses, o problema seria encarado numa perspectiva linguística e semiológica. Intensificava-se a consciência da diferença irredutível entre os espaços significantes do verbal e do não-verbal:

«No que à expressão literária se refere, e ainda que se aceite que todas as artes, à sua maneira, “comunicam”, a dependência estrita e unívoca em relação ao meio formal é mais absoluta que para qualquer das outras, porque, se as estruturas linguísticas se terão modificado por invenção da escrita, e se as possibilidades da imprensa por certo influíram no “estilo” de usar-se esteticamente a linguagem, o valor oral e escrito do signo linguístico não deixou de permanecer o que essencialmente era: a forma de comunicar uma informação ou uma experiência, mediante combinações convencionalmente representativas da realidade. A “escrita” das outras artes não é o seu mesmo meio. Esta essencial diferença, se bem que não autorize uma noção de progresso das artes, patenteia que este, num sentido elementar, ou mesmo complexo, não pode existir na criação literária: o que pode existir é a exploração de possibilidades combinatórias que a linguagem sempre possuiu.»

Luís Adriano Carlos
Em Fenomenologia do Discurso Poético
Ensaio sobre Jorge de Sena

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