CLUSTER
e na luz inadequada se move o teu corpo como
algo por dizer,
projectante sem confundir o interior da mão
com um rosto que baixou ao subsolo do silêncio.
e imaginarás algo.
e pegarás no teu ponto. na tua vírgula.
gritarás um verso sem que as palavras individuais
o notem, o oiçam a perfurar o seu
próprio verbo.
e arremessando esse ponto, e essa vírgula, ambos
em direcção ao céu introspectivo e especulativo
das cores que lhe concretizam a profundidade, ganharás
tempo; tempo para que o verso se espalhe a partir
do seu gomo infindável,
contamine o eco difuso da mão de vidro, guarde
o bom-senso de um revólver que espera atento
a morte que falta a um corpo.
e não tarda regressarão caindo com a mesma força
que aquela que usaste para cima: o teu ponto magnífico,
a tua vírgula com material e forma de lupa,
como pregos por cima do teu verso com
formato de raio e cuidado, com laringe de flecha e erro,
com lisonjeio sobre o tempo invertebrado.
quando caírem sobre ti, sobre o teu regresso íntimo,
saberás por onde continuar, e sobretudo: onde parar.
Sylvia Beirute
inédito
Olá Sylvia
ResponderEliminarachei fantástico este poema. um ondear de metáforas em harmonia total com a descrição de um sentir íntimo e de uma procura de lugar.
fui espreitar o livro electrónico e gostei da selecção. julgo que muitos esperam a publicação.
para quando?
encantada com seu trabalho.
ResponderEliminarBelíssimo, Sylvia. Senti aqui a busca pelo instante raro - do verso, da vida... abraço!
ResponderEliminarSenti-me despedaço e reconstruído agora. Sem mais palavras.
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