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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Revista Aliás II/2010

E viva o jogo !

Aliás II/2010



Sim, nós perdemos a Copa de Mundo, perdemos Saramago e temos colhido uma série de más notícias todos os dias aqui no Brasil.

O desaparecimento de uma jovem e seu suposto assassinato por um ídolo do futebol tornou-se mais do que noticia de página policial para transformar-se no mais puro entretenimento... Horas e horas de "noticiário" sobre os protagonistas... Enfim, até final de julho, quando este editorial foi escrito, bastava ligar a TV para ser invadido por uma realidade sem Saramago e sem prêmio da vitória. Assim entramos nesta edição II/2010.

Justamente por isso que não podemos deixar a peteca cair. Devemos, sobretudo, criar novas alternativas de entretenimento, de cultura. E é por isso que trazemos esta nova edição com força redobrada, com o tal segundo fôlego dos esportistas.

"E viva o jogo!" foi a sugestão de pauta. A ideia não era falar da Copa, mas também da Copa. Optamos por levantar a ideia do jogo, da incerteza que ele envolve, das apostas que se faz, do inesperado... Principalmente porque isso tem tudo a ver com a arte.

O conto de Mariel Reis, traz o futebol, com ele o time América [por sinal time do escritor Marques Rebelo], e uma indigesta realidade de nossa história, a Ditadura. A partir do que foi uma época de jogadas nada esportistas, ele constrói um cenário carregado de lirismo. É este fôlego, que não deve ser perdido e que parece ser uma alternativa para a partida contra toda angústia. E não pense o leitor que a referência à sugestão de pauta esteja apenas no título ou ambientação de seu conto...

E, já que falamos de América e já nos remetemos a Marques Rebelo, sigamos com o "Onofre",que vem encher de realidade a seção dedicada ao escritor e acadêmico. Uma realidade que pode estar acontecendo agora mesmo na nossa esquina. Esta é a capacidade extrema de Marques Rebelo, que temos a honra de abrigar entre os nossos e sob a curadoria de José Maria Dias da Cruz.

Temos o ensaio cheio de "insights" do escritor e pianista Marcelo Moraes Caetano, co-editor e revisor da revista e que acaba de lançar mais um livro: "Caminhos do Texto" (Editora Ferreira, 2010). Nesta edição de Aliás, mais do que discutir questões ontológicas, que envolvem dois grandes ícones da cultura ocidental, seu texto abre uma brecha de luz ao perceber o que passa despercebido. Mistura as peças no tabuleiro, faz-nos botar a cuca para trabalhar e encontrar a melhor saída. As celebridades, os jogadores envolvidos? Hamlet e Édipo.

Outra estudiosa e colunista da revista, Eugenia Gay-Brussino traz um texto para lá de essencial a nós artistas. Qual a especificidade do objeto obra de arte para o hitoriador? A arte "se deixa" analisar? Questões essenciais com as quais se debatem artistas e críticos são analisadas pela pesquisadora que usa como referência principal neste texto as concepções de Giulio Carlo Argan.
Na coluna de Bianca Tupinambá as ilustrações trazem o espírito do dia-a-dia das ruas do Rio de Janeiro, durante a Copa do Mundo, quando ainda pensávamos qual seria o melhor adversário para nós, Argentina ou Alemanha... Não pegamos nenhum dos dois, tomamos uma laranjada, não para refrescar, mas em cheio na nuca, a fruta. As ilustrações não cantam vitória, nem trazem desânimo. Trazem a aposta.

A crônica de Paula Cajaty, que foi finalizada antes da saída do Brasil da Copa do Mundo, lembra que o importante é o movimento que se faz durante a partida, mais do que a busca do resultado. É quando saboreamos a vida. Para falar disso ela domina a bola no pé e divide conosco suas reflexões sobre a produção do seu último livro: sexo, tempo e poesia (7 Letras, 2010).

A vida é sim muito mais do que o alvo ou a seta. A vida é movimento, a vida são "Transparências", como bem anuncia o título de um quadro recente do artista plástico José Maria Dias da Cruz e que apresentamos na coluna "Artes visuais". Transparências que nos fazem ver realidades através de outras. E por isso mesmo possibilitam alternativas de novas jogadas, novos passes, impasses e resultados quase sempre sob a égide das "Incertezas".

Incertezas que são, antes de tudo, possibilidades. Numa alternativa de mundo não-determinista, de mundos, antes de tudo, viáveis. Também é o que ressalta o texto da coluna do mesmo José Maria Dias da Cruz, em que aborda a questão da cor e antecipa novos estudos presentes eu seu mais recente livro, "O Cromatismo Cezanneano" (Edição do autor/2010). Fala sobre o cromatismo clássico e os impasses que este encontra. Oferece uma leitura a partir da relação de Cezanne com as cores e explica mais uma vez a ideia de cinza sempiterno, que lhe é bem cara e vem sido desenvolvida há bastante tempo por José Maria Dias da Cruz.

Outras realidades, outras linguagens, Susanna Bussato anuncia em sua contribuição à coluna Poemas: "Sob a luz /como se/ sumisse/ como se/ a luz/ submissa sentisse.// E este silêncio...// (Como se dissesse tudo e nada fosse...)" do poema cujo título é o último verso desta citação, e que está em parênteses, como um pensamento que hesitamos em levar ao outro e ainda assim chega ao mundo por nós e em nós, como se nada fosse...

Ainda em "Poemas", o poeta Ricardo Alfaya com: "Gol de placa entre lençóis". Ele que sempre foi um poeta das linhas secas, da poesia visual, vem flertando com o lirismo, denotando uma sensível mudança em sua poética.

Mariel Reis, nosso contista, está presente também exercitando a forma da poesia com o mesmo talento de seus já consagrados contos. Luis Serguilha, de quem só tínhamos publicado ensaios até agora, comparece com seu jogo sensorial de palavras.

João Felinto, traz a tradição da poesia popular com invenção. Sylvia Beirute, jovem poeta portuguesa, juntamente a Serguilha segue representando uma escritura de vanguarda no que isso tem de quebra de estrutura clássica da forma. Paula Cajaty, também colunista de Aliás, traz versos de seu recente livro: "sexo, tempo e poesia" (7 Letras, 2010), onde apresenta maturidade poética contribuindo com poemas de apuradas sensibilidades e delicadezas aliadas ao domínio da técnica.

Se tocamos no assunto do artesanato da poesia, sigamos com a de Leandro Jardim, com exercícios de metapoesia explícita. Parte de livro "Os poemas que não gostamos de nossos poetas preferidos" a ser lançado pelo selo Orpheu em 2010.

Paula Cajaty, também colunista de Aliás, traz versos de seu recente livro: "sexo, tempo e poesia" (7 Letras, 2010), onde apresenta maturidade poética contribuindo com poemas de apuradas sensiblilidade e delicadezas aliadas ao domínio da técnica.

Se tocamos no assunto do artesanato da poesia, sigamos com a de Leandro Jardim, com exercícios de metapoesia explícita. Parte de livro "Os poemas que não gostamos de nossos poetas preferidos" a ser lançado pelo selo Orpheu em 2010.

Em "Ensaios" temos novamente o poeta e ensaísta português Luis Serguilha, que apresenta o trabalho de Gabriela Marcondes. Luis Serguilha cria em cima da obra do outro artista. Mais que isso, recria, assimila, transmigra (para utilizar um termo que o autor utiliza), e neste ato parece buscar comunicar ao leitor o afeto que o acometeu, mais do que falar da obra em si. Parece interessar ao ensaísta o que efetivamente a obra produziu nele, fruidor. Numa busca incansável através das palavras provoca sensações, afetos através de "brinquedos verbais" (como bem nomeou Suzana vargas, ao referir-se à obra do autor em uma palestra).

Se jogo de futebol é algo típico do brasileiro hexacampeão, Cazuza também é. Afinal é quem grita ainda: "Brasil, mostra tua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim" versos que se tornaram quase um "hino nacional paralelo". O músico, ícone dos anos oitenta é homenageado por nossa cronista musical Daniela Aragão. Depoimento sem falso "tietismo", de quem não tinha Cazuza como um de seus preferidos e por isso mesmo de quem sobre o tema emite um olhar mais arguto.

Sobre outras linguagens, Marcelo Scanzani, que é nosso cinéfilo, traz, numa análise despretensiosa e bem humorada, uma leitura dos filme "O sabor da melancia" e "Vive lamour," ambos de Tsai Ming-Liang. Importante notar a inusitada citação ao cantor de música brega, Barros Alencar.

O poeta Márcio Catunda, nosso colunista e que acaba de lançar sua "Emoção Atlântica" (Oficina Editores, 2010) traz o poema "Jogo perigoso". Usa e abusa da sonoridade da palavra, produzindo um som que mesmo poderia ser o das peças de xadrex num tabuleiro, do pé do jogador raspando no gramado, de uma velejador puxando a corda de seu barco, ou simplesmente o som áspero e agudo da angústia que antecede a tomada de decisão... Sim emoções trazem sons...

Por falar em outras linguagens, Marcelo Scanzani, que é nosso cinéfilo, traz para nós, numa análise despretensiosa e bem humorada, uma leitura dos filme "O sabor da melancia" e "Vive lamour, ambos de Tsai Ming-Liang.

Na minha coluna apresento o livro "Ponto Cego" (Mandarim/Siciliano,1999) de Lya Luft, que à época de seu lançamento não foi muito divulgado na mídia. Convido para um cafezinho em "Crônicas" e passo a bola para vocês!


Elaine Pauvolid

Aliás, goze!

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