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sábado, 14 de agosto de 2010

A Obra e o seu Leitor


























A Obra e o seu "Leitor"

[...]
Uma obra, qualquer obra, nunca está completa; passa a ter outras histórias que são as interpretações que cada um lhe faz. Isto justifica-se, essencialmente, porque o ponto de partida não é o mesmo de chegada, ou seja: um artista comunica com os outros por uma linguagem diferente; seja a do discurso escrito, das tintas, da pedra... e fá-lo por sentir a urgência de “dizer” algo que de outra forma não é capaz, e, por sentir a insuficiência das palavras, procura imagens ou texturas ou sons...

Criada a obra, ela passa a ter vida própria e uma lógica própria; ultrapassa o criador retendo deste a assinatura e o desejo de algo. Tentar dizer algo “sobre”, seria quase o mesmo que calar um filho, considerá-lo mudo e incapaz de falar de si e do mundo.

A obra, qualquer obra, tem vida própria, ganha essa vida ainda antes de acabada quando “diz” como quer ser... um quadro pede cores e traços, um texto foge ao traçado inicial quando as palavras se impõem como uma força que escapa ao controle. O raciocínio a que o autor pretende obedecer escapa-lhe desde logo; nunca lhe tomou as rédeas, antes foi tomado por elas e é preciso ouvir a obra falar e escutar o que tem para dizer.
O autor a falar da sua obra... a obra a falar do seu autor... um diálogo de surdos porque o cruzamento das vozes é enorme e, no entanto, fazemos silêncio para ouvir e tentar perceber.Claro que, nem sempre isto acontece, e então o “leitor” descobre-se no autor e algumas vezes o inverso é também verdadeiro, porque a arte tem vida própria e abre mundos não sonhados para quem a cria e para quem a recebe.

(Extracto de um artigo de Maio de 2008, por José Pires F.)


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