A ligação da academia ao mundo exterior – empresarial, mas igualmente cultural, social e político é, creio, um dos desideratos fundamentais da sociedade portuguesa. A nossa sociedade encara sempre com cepticismo,
no mínimo, o académico que termina a sua formação e “chega ao mundo”: não é inusual ouvirem-se coisas como “é só teoria”, “agora é que vai mesmo aprender”. Simetricamente, a academia, em regra, não recebe muito bem quem vem do “exterior”, e atribuem-lhe o labéu de “inculto”, com “falta de preparação teórica”, etc. Estão, creio, equivocados uns e outros. Seja como for, também por ultrapassar esta barreira, fictícia ou não, é de louvar a iniciativa do Mauro Santos Pereira em realizar o seu trabalho de design de comunicação com recurso a textos literários e a fotografias de autor, como se de um autêntico trabalho editorial se tratasse.
Isto é, transe atlântico pode ombrear, também por essa razão mas igualmente pelo trabalho profissional do Mauro, com qualquer revista de arte e cultura. Espero, aliás, que o projecto, em futuro próximo, se efective no mercado (editorial e comercial). Duas palavras sobre os conteúdos. Antes de mais, agradecer a disponibilidade de todos os autores em disponibilizar graciosamente os seus textos e imagens inéditos.
As pontes em transe atlântico fazem-se com ligações afectivas entre Portugal Continental e os Açores, de onde o Mauro é (orgulhosamente) natural, e entre outro arquipélago, o das Canárias (Espanha), e o continental Brasil. As imagens, que não são ilustrativas de nada e que valem (muito) por si só, e, embora em pequena quantidade, são excelentes exemplos da diversidade do que se faz neste âmbito artístico no nosso país. Agregam-se aqui textos, maioritariamente poemas, de “consagrados” e de “novos ou novíssimos” autores. Forma, no conjunto, um bom exemplo, embora heterogéneo, dos consolidados e sempre renovados caminhos da literatura portuguesa e da boa relação que entretece com os parceiros de outros horizontes criativos próximos, quer geográfica, quer historicamente. Naturalmente, nesta avaliação posso ser considerado “suspeito” – pela amizade que me une à generalidade dos participantes neste transe atlântico – e por isso me declaro “culpado”.
Lajes do Pico, 7 de Junho de 2010
Boa noite. A transeatlântico é um projecto do Mauro Pereira, em parceria comigo, Carlos Alberto Machado - que coordenei os textos e assino o texo acima (aqui não identificado).
ResponderEliminarE é também o título do meu blogue:
http://machadoalbertocarlos.wordpress.com/
Obrigado
Carlos Alberto Machado
esqueci-me de indicar o meu e-mail:
ResponderEliminarcamlisbon@yahoo.com
obrigado
cam