RODA GIGANTE
mudo a lentidão às coisas e sei que a inspiração não existe; mas existe a sua textura. e esta é móvel e segue pelo caminho do razoável defeito da violação aos objectos. e mudo o edifício da disciplina e não este poema de auto-incorporação e vozes por reparar; não, não se mudam os poemas. e este está agora no alto da roda gigante, descendo porque eu desço, gemendo porque eu gemo, elegendo porque eu elejo. mas quando eu descer tudo e o ler, saberei que, tal como todos os outros, este é um desejo que adoeceu longe, num destino que agonizou na memória mais imperial, e que reaparece um dia, como que num braço esquecido de um outro texto, esperando o seu bilhete.
Sylvia Beirute
inédito
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