Sempre gostei de novelas em folhetim. Creio que os fragmentos da obra respiram melhor e cada um amadurece de um modo diverso devido à passagem de um tempo mais "pensante". Para quem lê, também a experiência é outra: essa ausência momentânea de texto que se deve seguir à parte já lida, gera no leitor um aguçar dos vários sentidos íntimos que a leitura sempre implica, fazendo-a repousar, e "desoferecendo" o controlo do que se seguirá, em timings alheios, ao leitor. Por isso, quer na criação quer na leitura condicionada, o folhetim impõe uma visão singular da obra, a mesma que não existiria, não nos mesmos termos, sem o que descrevo nesta breve nota. Luís Ene publicou recentemente no seu blogue uma obra (A Perda do Dedo Mínimo) nestes termos. Ignoro se foi sendo escrita à medida da sua publicação, mas pelo menos foi sendo lida ao ritmo dessa publicação e alguns destes factores se evidenciaram na minha leitura pessoal.
domingo, 10 de outubro de 2010
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Já agora, uma sugestão relacionada. Não sei se o excelente Diário de Raul Mancino de Paulo Rodrigues Ferreira se pode também classificar como uma novela em folhetim, mas o certo é que vale a pena segui-lo.
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