AO LONGO DESTA AVENIDA DO ROSTO
eu não sou o meu esquecimento,
mas talvez seja o teu esquecimento; aquele
que te passa todos os dias
pela avenida do rosto onde um carro procura
e um ruy belo sai e declama
um poema que escrevi sobre um decifrar
de corpo e sangue num tempo
sem enunciado ou resolução.
não sou o meu esquecimento, mas talvez
me esqueça de mim dentro de mim
quando em ti, quando durmo imediatamente
por baixo do teu sono em picotado
e aí falto de propósito à tua folha em branco,
aos teus lápis de cor.
Sylvia Beirute
inédito
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