POEMA PARA ANDRÉ KERTÉSZ
o mundo verde de andré kertész: aqui
tão desperto, tão seguro, tão reproduzido na extensão
do estudo que o seu copo inaugura; o mundo com sede
desflorando o espelho das pessoas que no outro lado do vidro
edificam a sua idade com gabardinas,
cigarros electrónicos no interior de aviões, as mesmas que
procuram o diâmetro do sol, a lucidez do consumo
em órbita consoante a imediatez das notícias
que as fazem rolar como uma garrafa sem planos e
dentro da violência do vento e do poder de
uma imagem; e aqui, andré kertész: a beleza da pretensão
de ser outra, acumulando verde, imune ao silêncio,
conhecendo-me antes do meu corpo mil-nove-
-sete-nove, mil-nove-sete-nove e tempos afins.
-sete-nove, mil-nove-sete-nove e tempos afins.
Sylvia Beirute
inédito
André Kertész (Budapeste, 2 de Julho de 1894 – 28 Setembro de 1985) foi um fotógrafo húngaro conhecido pelas suas fotos-conceito, próximas do ensaio fotográfico. O seu estilo pouco ortodoxo levou-o posteriormente ao movimento dadaísta. O facto de ser judeu fê-lo, pela ameaça da Segunda Guerra Mundial, emigrar para os Estados Unidos da América. Dedicou-se, por outro lado, ao fotojornalismo. A fotografia que ilustra o poema, datada de 1979, é de André Kertész.
olá,
ResponderEliminarserá um soneto, sylvia. sendo-o ou não - maravilha!
beijos e abraços