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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

JORGE LUIS BORGES - POEMA - INSCRIÇÃO EM QUALQUER SEPULCRO























INSCRIPCIÓN EN CUALQUIER SEPULCRO

No arriesgue el mármol temerario
gárrulas transgresiones al todopoder del olvido,
enumerando con prolijidad
el nombre, la opinión, los acontecimientos, la patria.
Tanto abalorio bien adjudicado está a la tiniebla
y el mármol no hable lo que callan los hombres.
Lo esencial de la vida fenecida
—la trémula esperanza,
el milagro implacable del dolor y el asombro del goce
siempre perdurará.
Ciegamente reclama duración el alma arbitraria
cuando la tiene asegurada en vidas ajenas,
cuando tú mismo eres el espejo y la réplica
de quienes no alcanzaron tu tiempo
y otros serán (y son) tu inmortalidad en la tierra.


INSCRIÇÃO EM QUALQUER SEPULCRO

Não arrisques o mármore temerário
gárrulas transgressões ao todo-poder do esquecimento
enumerando com prolixidade
o nome, a opinião, os acontecimentos, a pátria.
Tanto elogio bem adjudicado pelas trevas
e o mármore não fala do que calam os homens.
O essencial da vida fenecida,
a trémula esperança,
o milagre implacável da dor e o assombro do prazer
que sempre perdurará.
Cegamente reclama duração a alma arbitrária
quando a tem segura em vidas alheias;
quando tu mesmo eras o espelho e a réplica
daqueles que não alcançarão o teu tempo,
e outros serão (e são) a tua imortalidade na terra.

Jorge Luis Borges
Tradução de Pedro Calouste
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