Rudyard Kipling (Bombaim, 1865 - Londres, 1936) foi um génio no seu tempo. Em 1936, no momento da sua morte, quando havia trinta anos que pouco ou nada tinha publicado, alguém escrevia que era "um homem esquecido, mas nem por sombras um poeta esquecido". Isto porque a sua obra estava bem viva no espírito das pessoas, os seus poemas eram recitados e cantados, e as suas histórias muito lidas. Achei interessante publicar aqui este poema pela temática e preocupação que ele encerra, algo recorrente na época, mas sobretudo pelo seu estilo sóbrio e ao mesmo tempo leve, com imagens intensas com algum lado surreal como "cabelo de cometas".
QUANDO O ÚLTIMO RETRATO DA TERRA FOR PINTADO
quando o último retrato da terra for pintado
e os tubos torcidos e secos,
quando as cores mais antigas morrerem,
e o crítico mais novo falecer,
descansaremos precisando da fé estendida
por uma era ou duas,
até que o mestre de todos os bons trabalhadores
nos ponha a trabalhar de novo.
e aqueles que forem bons deverão sentir-se felizes,
sentar-se na cadeira dourada;
salpicar-se-ão na grande tela com tintas
e cabelo de cometas,
encontrarão santos autênticos para pintar
- Madalena, Pedro e Paulo;
trabalharão por uma idade longa e nunca
sentirão o cansaço.
e apenas o mestre rezará por nós, e apenas
o mestre se culpará;
e ninguém trabalhará por dinheiro, ninguém
o fará por dinheiro,
cada um o fará pela alegria de trabalhar
e cada um, na sua estrela,
deverá desenhar a coisas como vê para que o deus
das coisas os veja como cada um é.
Rudyard Kipling
versão de Pedro Calouste
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lindo poema. não conhecia esse poeta. seu espaço está cada vez mais incrível, tanto a sua poesia como a de outros grandes mestres. parabéns mais uma vez pelas escolhas e agradeço por compartilhá-las. um abraço, G
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