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domingo, 26 de dezembro de 2010

A MINHA IDADE É ASSIM - POEMA - SYLVIA BEIRUTE

















A MINHA IDADE É ASSIM

voltar a ser o que voltámos a ser. instante mínimo. 
penúltima estação. gravação
que irrompe de um lugar interno. silenciosos sem
precisar do silêncio no núcleo duro 
de algumas palavras.
voltar a ser o que voltámos a ser. sem nunca o ser. 
sem nunca o saber. sem um plano para existências fixas.
sem ossos divinos  no precipício da alma que respira 
pela raiz de sua hipocondria.
{e isto não dói. isto é bom.} e isto volta a ser o que
voltámos a ser:
um amanhã que nos atravessa os pés, uma outra figura
fugitiva na menstruação das vírgulas.
e pouco mais. muito pouco mais.
a minha idade é uma leve saliva na ilusão da febre.

Sylvia Beirute
inédito
.

4 comentários:

  1. Sylvia,

    por instante fiquei colada ao écran, fruindo todas as imagens, levada para um outro espaço, onde a idade não conta para este magnifico poema.

    Fico fã.

    bj

    ResponderEliminar
  2. Só não atino com o que quererá dizer "a menstruação das vírgulas". Se se der a essa maçada, explique-me por favor. Obrigada.

    Manuela Morais

    ResponderEliminar
  3. Sim,você é poeta, cheia de verdades e beleza.
    solivan

    ResponderEliminar
  4. Manuela. eu também não entendo( porque é que há
    olhos que me desambiguam do corpo e ideias escuras que me iluminam as mãos. mas o belo é isso.
    uma intimidade sem entendimento. na poesia da sylvia, só tens que fechar os olhos e deixar o silêncio das suas palavras entrar no teu mundo.
    é arte é belo.

    ResponderEliminar