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sábado, 16 de abril de 2011

AL BERTO - POEMA

















4.

dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice

conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
conhece o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo

dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nenhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos

Al Berto
em Uma Existência de Papel
Gota de Água, 1985
.

1 comentário:

  1. "Uma existência de papel"...parece, e por esse pedaço, deve realmente ser muito bom. Gostei desse pedaço. Fiquei a me perguntar quem será a criatura, se é criatura mesmo.
    Acho que vou começar a viajar sobre isso no meu blog, "A arte da viajosidade".

    http://dijadarkdija.blogspot.com

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