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sexta-feira, 15 de julho de 2011

E AGORA EU - POEMA - SYLVIA BEIRUTE

























E AGORA EU

e agora eu quero 
eu quero para depois não querer
seguir o telefone por uma cidade
a língua de fora morre na ligação mas é sempre
a língua de fora
porque o corpo é objecto do tempo
e eu agora quero 
mas não quero para depois querer
existir no corpo inabitado
nada mais me absolve 
senão o silêncio em pleno voo
este corredor antigo que atravessa o escrito
o passado que lido é uma volta 
a fracção de segundo
e agora eu sou alheia à imobilização do desejo
sobre cada sorriso 
sobre cada noite
sobre cada pequena morte
que se liquidifica na insónia e na lembrança envolta 
numa espécie de melancolia interna
que parece furar a nuvem de fumo
a vontade de ser um aqueduto
uma ponte
uma raiz vertiginosa
um pousar de cabeça 
depois de um raciocínio complexo
e agora eu quero
eu quero partilhar um segredo 
com as palavras que o suportam
escrever no inferno
enlouquecer bela e feliz.

Sylvia Beirute
inédito
.

3 comentários:

  1. Uma partilha de palavras...:)

    deixei de ter lágrimas transparentes
    quando as tenho borro-as de cor
    na esperança que se vejam

    deixei de ter lágrimas transparentes
    transformam-se em nós de garganta
    deixei que os meus olhos vivessem

    deixei que o transparente de sal
    se torna-se um pedregulho
    enrolado em mim

    deixei que me tirassem as lágrimas
    que me pintassem portas amarelas
    que esborratassem escadas
    para eu as poder passar

    deixei de ter lágrimas transparentes

    e o susto
    assim
    tão de repente
    mostra que a garganta é salina
    hoje
    quero
    que o transparente me acorde

    deixei que me tirassem as lágrimas
    que mas pincelassem de cor
    deixei que me pintassem os rios

    subo escadas que não são
    entro em portas que não estão

    deixei de ter lágrimas transparentes


    Teresa Maria Queiroz - Junho 2011
    www.continuandoassim.blogspot.com

    convido a visitar:
    www.pastelariaestudios.blogspot.com

    um bj desde aqui...

    ResponderEliminar
  2. Belo poema!!!
    Ousaria dizer, depois do almoço e inspirado no seu texto:
    agora eu quero
    um copo
    um corpo
    uma cama e travesseiro
    lençol e o dia inteiro
    para não pensar em nada
    numa linda tarde de domingo.

    Texto completo em http://micropoema.blogspot.com/2011/07/poemocio.html
    Também linkei seu blog no meu, ok!

    Abraços!

    ResponderEliminar