TIJUCA
um parque feio cercado de um gradeado disforme
na praça Saens Peña.
pisar onde se pisou leve antes
não é dor
é desespero parido por cada poro - implosão prenhe
não é dor
é uma alucinação decodificada X e Y e Z e que cataloga-se
no infinito de nossas já sabidas imperfeições
vícios por tudo
e ainda assim, sem arredar o pé de ser alucinação...
onde, caro mio ben, dove, dove, dove?
http://www.youtube.com/watch?v=u8xjFUViTzo
dove sei
amato bene?
ir embora é uma lua que vai murchando para dentro de si
até que a cicatriz diz cínica e sorri:
(mas nós nem percebemos o riso)
- "fui Lua..."
Tijuca das feiras de artesanato de bairro
chove em sua praça gasta
e a chuva à mim não toca sequer
há gotas de suor mais convincente babando pelo olhar
frio suarento amniótico salivar.
lamento dizer-lhe, chuva obstinada
o desespero me fez membro honorífico do grito líquido e úmido de sua tinta
- goteja-me lá no fundo da boca de lobo
tua indiferença de carbono
de carne
de antes
de nada.
Luciano Garcez
(lido no blogue De Chaleira)
PS: abrir o link contido no meio do poema, que contém uma ária de Handel que é a própria essência do poema - e de minha vida.
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