QUARENTA E UM ANOS
Mais lento o tempo
Um pequeno escritório que abre a janela
sobre a cidade
Lá bem ao fundo o tejo
De quando em vez pela manhã alguma gaivota traz o seu guincho
Uma secretária, uns tantos livros
Mais lento o tempo agora
As mãos criaram silêncio
e sobre o sulco da sua pele já se desenha a água do tempo
Muito mais lento o tempo agora
O mar passou a ter outro encanto no inverno
A música é um lugar ébrio cada vez mais procurado
As leituras são mais saboreadas como quem toma um requintado chá
O amor, o exacto amor chegou agora, profundo e puro
desapegado de tudo que não seja ele mesmo
Coisas poucas que o tempo ensina com enternecimento
Coisas poucas que nos aguardam com um abraço
Coisas poucas que necessito já para viver
Coisas poucas como este simples poema
Maria Costa
lido no Memória Transparente
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As mãos criaram silêncio...
ResponderEliminarQuando é que a poesia é feita de simplicidade? Talvez, quando as palavras que a devoram são o alimento voraz do tempo que a chora.
ResponderEliminarJorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 09/08/2011