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domingo, 9 de outubro de 2011

AMAR EM PEQUIM - POEMA - SYLVIA BEIRUTE

























AMAR EM PEQUIM

seguir as regras do improviso. 
evitar as metáforas. 
o abc imaginário. 
amar em pequim.
e a sucessão de factos.
a sucessão de factos 
faz-me respirar as estranhezas
nos olhos. 
um vazio separa um reconhecimento.
o amor tem aqui a sua pequena reserva. 
a última palavra.
e é abstracto.
e existe em protesto. 
é amar em pequim
com os meus finais tão óbvios.
e uma pequena alteração 
é frequentada por uma
grande alteração.
e o que existe? o que sucedeu ao morador
na minha criatividade?
como sobrevive um amor não criativo?
a tempestade de areia 
também segue as regras
do seu improviso.
a cómoda situação do resto do mundo 
é assinalada
pela cor azul eclecticamente misturada
como o romance entre dois números.
não é possível.
como é possível?
há um pouco de morte aqui
ou então um pouco de felicidade, 
felicidade
em quantidade tão diminuta
que só torna ainda mais presente 
o seu inverso.
pequim é um vírus. 
o seu autodesconhecimento
é a minha arte. 
o meu desprezo pela 
utilidade prévia de todas as coisas.
e sigo as regras do seu improviso. 
evito as metáforas.
o abc imaginário. 
sei amar em pequim.
conheço qualquer lugar.

Sylvia Beirute
inédito
.

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