Incrível como Sarah Virgi, poetisa do Algarve, aos 16 anos escreve tão bem. Como diria José Saramago, "dá vontade de lhe bater". Escolhi o poema que se segue. Apreciem.
CLAUSTROFOBIA
Valsa fechada de contornos poupados
Pelos metros da sala que não se alarga
De cantos subtis e contraídos, nos lados
Acentuada como se lá não estivesse ninguém.
Cada vez mais imóvel, a valsa agora
Dançando pela fundura alta, sem saída,
Onde as paredes deixam de ser brancas, a hora
É interrompida pela música que se esquece
De tocar e o passo cada vez mais convida
Os pés a ficar sem responder.
É preciso respirar, desafogar-se do medo,
Esmurrar o tapume cego dos limites,
Gozar cada toque de dedos na nota
Do piano leve, gizando lá fora,
As pautas de uma dança devota
Pela liberdade.
Fracos os que repetem:
Não fales, não grites, não te movas
Enquanto o espaço não o disser.
Sarah Virgi
inédito lido no Intercadências
.
Vou levar para um dia destes. Obrigada, Sylvia.
ResponderEliminarÉ bom, quando nos dão a conhecer poesia nova, de gente nova.
ResponderEliminar