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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

JOANA ESPAIN - POEMA

De qualidade inquestionável a poesia de Joana Espain.

daqui são dois pés
de substâncias amedrontadas
seguem-se de pequenos
não de sustentarem agudos das gaivotas
a chamar a sombra dos chapéus antigos
às mesmas paredes
mais o quê
não há mais água
a água lembra-se de toda a água que já foi
até voltar a ser-nos
(ouvi o mar ter conversas estranhas com a água dentro de mim
à janela redonda do décimo andar de um navio)
estou envolvida com outra coisa
se é um bicho sozinho no universo
no instante de uma cereja
a imaginar
para passar de me cair
(nem vazios que saibam coser)
caio-me mais do que me quero
onde só precisávamos de ver o chão
muito antes do tempo de dois pés 
.

3 comentários:

  1. Belíssima poesia, escrita de uma maneira reflexiva, com frases muito bem casadas.
    Grande abraço e sucesso!

    ResponderEliminar
  2. muito antes do tempo de dois pés...

    espetáculo de texto, com libertária rebeldia das palavras que não querem lógicas ou previsíveis.

    abraço.

    ResponderEliminar
  3. Muito obrigada pela publicação e comentários. Ainda muitos parabéns por este excelente espaço de poesia que sigo de perto. Abraço

    ResponderEliminar