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terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um agradecimento

Agradeço o inesperado destaque no blogue Poetas Portugueses do Século 21.

3 comentários:

  1. escrever é esculpir sem pedra.
    e depois procurar uma pedra,
    pesar a pedra, e depois o poema.



    - poética

    parabéns

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  2. CARTA LACRADA

    AS PORTAS FECHAM-SE A CADA INSTANTE
    A CHUVA RÓI O SILÊNCIO DA DOR
    E NA PAZ DESTA VIDA SEM AMOR
    RODA O MUNDO EM QUE NÃO SOU VIAJANTE

    PASSO SEM PASSAR, FALO, NÃO CONVERSO
    E DURMO NO BALOIÇO DAS IDEIAS
    SEM RESPIRAR A LUZ DAS SUAS CANDEIAS
    PORQUE SOU O AVESSO DO INVERSO

    SOU ESTE CHEIRO A TERRA QUEIMADA
    QUE O OLFACTO BEBE E PROMOVE
    A ESTA RAZÃO QUE NÃO SE COMOVE

    PORQUE SOU UMA CARTA BEM LACRADA
    SEM PALAVRAS, SEM NOME OU MORADA
    NAS MÃOS DESTA MORTE QUE INDA SE MOVE.

    Oeiras, 21/09/2009 – Jorge Brasil Mesquita

    www.comboiodotempo.blogspot.com

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  3. Os meus parabéns com uma singela homenagem em versos.

    CÉREBRO DA ESTRANHEZA ABSOLUTA

    Há um cérebro na velha cidade
    Que não sabe luzir como um anúncio
    Veste-se com a pele da verdade
    E às vezes fala como Confúncio

    Homem tu tens de beber o leite da nudez
    E concertar os arames do teu esqueleto
    Privar a língua de ser o olhar da mudez
    E aprender a sujar o óleo obsoleto

    Há uma gargalhada desse fogo sem freio
    Que se ouve na garganta aberta da morte
    São passos que fustigam a noite sem receio
    E palavras em bocas do mais fino recorte

    Homem és um actor do Mundo sem plateia
    E não usas as cores do crime perfeito
    Lambes o trono à mão de quem te semeia
    Mas não lavras a quem escreve ao osso estreito

    Há um estranho no correio das brasas
    Que não arde quando o gelo castiga
    Finge que foge aos sonhos com as asas
    Que rouba a uma Fénix que o mastiga

    Homem converte a saliva em fragas
    E respira a lama das entranhas
    Vais ser a campa de todas as sagas
    E o dédalo que roubas às aranhas

    Há um cérebro oco nas vagas do temporal
    Que não sabe resistir à mais pura falência
    Sente-se o foragido da rédea fatal
    E resume-se como a dor da inocência

    Ó Homem ouve os sons da morte a sorrir
    Mas não uses as lentes distantes do engano
    Que chegou a hora infinita de se extinguir
    O palco onde o corpo do sono é insano.

    Oeiras, 29/08/2009 - Jorge Brasil Mesquita
    www.comboiodotempo.blogspot.com

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