Subscribe

RSS Feed (xml)

Powered By

Skin Design:
Free Blogger Skins

Powered by Blogger

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um poema de Sylvia Beirute - Intimidade





















INTIMIDADE

não se trata de uma sede ser capaz de fazer evaporar
um oceano
ou de uma mentira poder ter absoluta razão, ou que
envaidece a abstracção na oxidação do cansaço estético.
e mesmo que não saibamos de que se trata,
sempre diremos que não consiste a fotografia deste momento
em inevitar a obliteração dos exemplos, de uma
consciência que extravia
colégios de identidade, palácios de consolação, relógios
casuais que dão forma aos pormenores do tempo.
encontramo-nos na orla do círculo, na superfície do branco
após o negro que o percorre e mutila como a
invenção que brota ou o poema que transnomina no ventre
e cujos versos mudam de lugar em caso de fogo
e natureza intacta.
sabemos apenas que o presente
é uma prótese do passado, e talvez isso chegue
para que devamos fechar os olhos, contornar os nossos
corpos sem uma só morte sobrevivente, e deixar que
o momento prossiga em completo vazio.

Sylvia Beirute
inédito

7 comentários:

  1. Nem sei o que dizer. Escrever não é das minhas melhores coisas. Mas entendo, gosto, interiorizo. Parabéns. Um beijo

    ResponderEliminar
  2. [tarde ou cedo, ao redor dum caminho qualquer, ficamos reféns dum espaço vazio, rivais de nós próprios, no final do balanço; assim somos e assim sejamos!]

    um imenso abraço

    Leonardo B.

    ResponderEliminar
  3. Cheguei por acaso e gostei.
    Não concordo com "sabemos apenas que o presente é uma prótese do passado".
    Se eu escrever passado, é mesmo passado, mas se escrever p r e s e n t e, quando acabar p r e é passado de s e n t e.
    O presente é tão transitório que dizer futuro é acabar falando passado.
    O futuro é tão próximo que quando o alcançamos deixamos o passado sem passar pelo presente.
    "Eu sou o Aleph sou a criação"
    Como pode o Aleph ser o inicio, se é o Infinito ultrapassado por uma soma.

    Paz e Luz no seu caminho

    ResponderEliminar
  4. Sylvia,



    Eis uma intimidade que se parece com "o estar a sós, sentindo-se em casa". Nem sede [avidez], nem mentira [da razão ou da memória: os tais desfiles e próteses mal ajambrados] o permitiriam.







    Beijo.

    ResponderEliminar
  5. Sylvia... Ler-te é um puro fascinio!


    Um beijo
    AL

    ResponderEliminar
  6. Esta tua "intimidade" foi parar no meu blog. Não por acaso. O que é bom tem lugar em qualquer prateleira. Bj.

    ResponderEliminar