HIERARQUIA
o acto de perguntar é uma confiança expectante,
a veterania de um exemplo acaba por matá-lo,
mas pouco disto é essencial para já:
na poesia, enquanto dilúvio da existência, as
influências do poeta são as veias do seu poema homicida,
veias que carregam químicos dispostos livremente
no corpo, mudando de lugar,
subindo aos olhos que lêem e que tentam
colonizar hemorragias
nos ouvidos puramente visuais.
mas haverá sempre alguém na audiência
que pergunta,
que questiona directamente o poema e o seu exemplo,
alguém que interpela a
legitimidade de quem redige e assina o que é, afinal, da natureza,
alguém que pressente muros de berlim, ouvidos, narizes, ilhas,
simulacros do dessonhado, do oculto.
e nesse momento eu sorrio e não deixa de me ocorrer
que pressentir nem sempre te levará
à infância de um sentimento.
(Porto, 24 de Dezembro de 2007)
Sylvia Beirute
inédito
[haveremos de tomar, sempre, muito da terra, daquilo que não nos pertence! Mais a desolam, aqueles que nada tem a haver desse pedaço de mundo]
ResponderEliminarum imenso abraço, Sylvia
Leonardo B.
Que lindo (:
ResponderEliminarSilvia, é uma delicia ler-te!
ResponderEliminarEspero que já estejas restabelecida da tua saúde.
AL
Porto, o meu berço natal** Bonito poema
ResponderEliminarparece facil escrever assim...
ResponderEliminarSylvia, o Porto é uma boa e bela cidade para recuperarmos forças e sinto neste poema alguma diferença.
ResponderEliminarpois, agora é que reparei na data: Dezembro de 2007.
ResponderEliminarSerá daí a diferença que senti no poema?
obviamente que não é de 2007. mas que é grande o poema isso é... boa sorte sílvia ( sylvia) perdão.
ResponderEliminarA "infância de um sentimento", lugar em que nenhuma pergunta faz sentido.
ResponderEliminarIntenso e muito bonito.
Um beijo