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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Um poema de e.e. cummings - A minha mente é


























A MINHA MENTE É

a minha mente é
um grande naco de irrevogável nada que toca
e saboreia e cheira.
e a audição e a vista continuam batendo
e lascando com ferramentas
afiadas e fatais.
e numa agonia de cinzéis sensuais eu realizo
contracções do corpo
de crómio e executo avanços no cobalto.
porém eu
sinto que inteligentemente estou sendo alterado
e que devagar
me vou tornando algo ligeiramente diferente, de facto
eu mesmo,
em seguida impotente, proferindo guinchos lilás
e um falar alto de cor escarlate.

e.e. cummings
tradução de João Muzi

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