perdoem-me não responder às mensagens que me enviam com rapidez. nem sempre estou em condições de o fazer. coloco hoje um poema meio autobiográfico de modo a fazer as pazes com alguns leitores.
ADOPÇÃO
eu sei que este poema não foi escrito para
que procure um leitor.
que procure um leitor.
na verdade, foi escrito para que procure
um novo autor que me substitua na
impossibilidade de o revisitar brevemente.
impossibilidade de o revisitar brevemente.
é quase uma entrega para adopção, um
redefinir da sua morada que hoje ainda é
a membrana de cidade e silêncio
redefinir da sua morada que hoje ainda é
a membrana de cidade e silêncio
em redor de um útero que plange;
precisará de antídotos, o poema; de alguém
que lhe eduque o ritmo, lhe mantenha
actualizadas as definições escondidas,
que lhe eduque o ritmo, lhe mantenha
actualizadas as definições escondidas,
os caminhos rectos, o ensine a usar os
espelhos, a ler-se a si mesmo pelo des-
conhecer-se indizível na língua dos outros,
a fazer a dobra nos seus versos-folha, a
contornar os outros poemas que contemplarão
a sua eterna juventude; um autor que o
escreva sem escrever, apenas
espelhos, a ler-se a si mesmo pelo des-
conhecer-se indizível na língua dos outros,
a fazer a dobra nos seus versos-folha, a
contornar os outros poemas que contemplarão
a sua eterna juventude; um autor que o
escreva sem escrever, apenas
prossiga na despalavrização de algumas
penínsulas preliminares do impressionável,
que o faça esquecer para sempre
o meu suspiro ofegante e doente, a higiene
demasiado íntima para uma arte credível.
penínsulas preliminares do impressionável,
que o faça esquecer para sempre
o meu suspiro ofegante e doente, a higiene
demasiado íntima para uma arte credível.
Sylvia Beirute
inédito
poesias " penínsulas preliminares do impressionável" sensibilidades indissociáveis do artista que as dá para "adopção", partilha , naqueles que a admiram.
ResponderEliminarBjo.
José