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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um poema de Sylvia Beirute - Mondrian Falso

























MONDRIAN FALSO

café às dez da manhã, porque outro início me 
não ocorre agora neste lastro de fome e o escrito
deve começar, aqui numa londres primitiva
onde a transparência duplica a memória,
a inocência mata de olhos muito claros e em toda
a parte vê mondrians falsos; aqui onde
a raiz expande até ao caudal do quando-exílio
e o sistema do corpo e respectivo pulso preliminam 
a máscara infinitiva inconjugável com as coisas da arte.
às nove da manhã, antes da medula que agora existe
e que me afasta o corpo do sentir mais sedentário,
alguém me acordou com uma palavra hirsuta-
-mente insana e tão sem esperança
que me pareceu ter nascido de costas voltadas
para qualquer um dos seus significados.

Sylvia Beirute
inédito

1 comentário:

  1. Ou alguém que nasceu com as asas abertas, livres para voar!!!

    Lindos versos!!!

    Beijos

    ResponderEliminar