MEIA-NOITE E OS BRAÇOS COMO PLANTAS
meia-noite e os braços como plantas
e não: o sonho não tem um picotado.
embora o que mais tenhamos feito na vida
fosse inventá-lo e por aí recortado
todas as raízes sem pontos de exclamação,
dividido o excesso - metade
dentro, metade fora -, visto a infância
regressar com um amanhecer distinto
e objectos cortantes de tarde ou amor.
e não: a inteligência não subentende
os sonhos - nem o contrário; não: um
corpo não se espiga em vida e morte,
a sua identidade é apenas medida
de cada sentença.
e então há uma meia-noite de braços
como plantas onde fazer descansar
as ilustrações abertas, fazer-me livre para
título de poema, comprometer-me
com a monarquia de cada bicho.
inédito
muito bom!
ResponderEliminarbelo poema , sylvia !
ResponderEliminarum beijo!
"A inteligência não subentende os sonhos"
ResponderEliminarFiquei na dúvida, mas é yão bem estruturado o poema, e há tanta beleza, que aplaudo!
Beijos
Mirze
"e objectos cortantes de tarde ou amor."
ResponderEliminarAlgures a folha caída
dança a calçada,
rodopiando surda
o som do nada.
Do oceano, vela sem lágrima,
a nau encantada."
Parabéns pelos poemas!
Rafael Puertas de Miranda
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