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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Um poema de Sylvia Beirute - Meia-noite e os Braços como Plantas

























MEIA-NOITE E OS BRAÇOS COMO PLANTAS

meia-noite e os braços como plantas
e não: o sonho não tem um picotado.
embora o que mais tenhamos feito na vida
fosse inventá-lo e por aí recortado
todas as raízes sem pontos de exclamação,
dividido o excesso - metade
dentro, metade fora -, visto a infância 
regressar com um amanhecer distinto
e objectos cortantes de tarde ou amor.
e não: a inteligência não subentende
os sonhos - nem o contrário; não: um
corpo não se espiga em vida e morte, 
a sua identidade é apenas medida 
de cada sentença.
e então há uma meia-noite de braços
como plantas onde fazer descansar
as ilustrações abertas, fazer-me livre para 
título de poema, comprometer-me
com a monarquia de cada bicho.

Sylvia Beirute
inédito

(Itália, 2009)

4 comentários:

  1. "A inteligência não subentende os sonhos"

    Fiquei na dúvida, mas é yão bem estruturado o poema, e há tanta beleza, que aplaudo!

    Beijos

    Mirze

    ResponderEliminar
  2. "e objectos cortantes de tarde ou amor."
    Algures a folha caída
    dança a calçada,
    rodopiando surda
    o som do nada.
    Do oceano, vela sem lágrima,
    a nau encantada."

    Parabéns pelos poemas!
    Rafael Puertas de Miranda
    www.poesiaemcurso.zip.net
    www.oleitordesimesmo.blogspot.com

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