VERMELHO & PAULO LEMINSKI
pensar pode ser desejar ser mais forte que o meu desejo.
e exibir o vermelho do meu período, dá-lo
ao objectivo da dúvida interna; e também pode ser retirar
o coração e expô-lo na distância entre o desejo e o seu
alcance, entre a competência de um exemplo a seguir
e o ódio de um caminho que ouve uma música
que não refugia.
hoje não há nada grave pelo meu pensamento calmo
e os braços internos de que a mente se compõe inesperam
e desconhecem o que me vem e resta.
paulo leminski passou por cá e eu pensei que há muitas
formas de se ser poeta, e que ele as tenha sido todas,
ao contrário de mim e de todos os outros.
e então voltei ao meu desejo.
não desejar não é ser mais fraca que o meu desejo.
Sylvia Beirute
inédito
Muito BOM!
ResponderEliminar"Não desejar, nunca será ser mais fraca"! O vermelho do poema condiz com o todo.
Um beijo
Mirze
muito bonito, o poema!!
ResponderEliminaro pensamento na periferia dos desejos, desejando!
abraço
De desejo em desejo
ResponderEliminarvisto as pétalas do amor
com as centelhas do cansaço
e, vendo-as cair, uma a uma
na palidez de um inverno qualquer
reinvento o prazer de ser,
a periferia do nada
no nada periférico de ti,
longe da vitalidade,
longe dos sumos ardentes
que bebíamos, amantes,
sedentos do mundo que abraçávamos,
fustigando os paradoxos do alcatrão,
rails de protecção,
radares de ilusões,
e fugas de desejos
pelos sinais luminosos da vida,
tédios de tentações,
e cimentos de sal
nos arbustros da respiração
que, ofegante, se perde
no horizonte de vazio.
Será solidão?
Por muito que busquemos a palavra
ela infiltrou-se nos labirintos
que nos defrontam
entre o fogo da morte
e a morte do fogo.
Fomos o que fomos
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 09/08/2010