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domingo, 17 de outubro de 2010

YUKIO MISHIMA

















«Naquele momento, teria sentido uma alegria muito enganadora ao pensar que o meu desejo, a satisfação do meu desejo forneceria uma prova evidente da minha impossibilidade de sentir o amor. Mas a carne traiu-me: aquilo que o meu espírito queria, o meu corpo fê-lo no seu lugar. Achei-me desta maneira perante uma nova contradição. Falando um pouco vulgarmente, diria que, convencido de nunca vir a ser amado, limitara-me a sonhar acerca do amor; e que, finalmente substituíra o amor pelo desejo, facto que me trouxera a paz. Mas subitamente descobri que o próprio desejo exigia de mim o esquecimento das minhas condições de vida, o afastamento da única barreira entre o amor e eu: a certeza de nunca vir a ser amado. Julgara o desejo uma coisa muito mais límpida do que é na verdade, não suspeitara minimamente de que ele nos obrigava, por muito pouco que fosse, a ver-nos sob uma luz de sonho.»

Excerto de "O Templo Dourado", de Yukio Mishima, 
Tradução de Filipe Jarro, 
Edição: Assírio e Alvim, 1985 

2 comentários:

  1. Bela reflexão entre o desejo, o amor e o "vir a ser amado, como cápsula escapatória.

    É realmente uma armadilha, que só os grandes conseguem desvencilhar.

    Muito bom!

    Beijos

    Mirze

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  2. Boa escolha de excerto.
    Gosto de Y. Mishima.

    Saúde!

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