O MEDO
Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.
É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.
Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?
Manuel António Pina
em Nenhum Sítio
1984, Gota D'água
.
Caríssima Sylvia, estamos sempre à expectativa de alguma coisa, às vezes, otimismo demais, outras vezes menos otimistas. Mas a dúvida é contínua e a verdade é única, de que temos realmente medo? - Alguém poderia dizer (ou já teria escrito)que os nossos fantasmas são e (estão por aí) escondidos somente de nossos olhos - somos nós inventores do nosso medo?
ResponderEliminargde. abraço, simao