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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

POESIA OU PROSA: FINAIS - LUÍS ENE

























Por vezes, face a um texto, pode haver uma certa indecisão sobre se se tratará de prosa ou poesia. Acredito que o autor do texto que abaixo coloco o tenha pensado como prosa, até pela numeração colocada, indicando uma série de micro-histórias que se complementam quando lidas em conjunto. De qualquer forma, se nos abstrairmos do elemento da numeração (e ele nem é de todo indiferente à poesia) e da parte ficcional mais rígida podemos ver neste texto muito do que tem a poesia. Características como a repetição e a musicalidade que a ela é inerente, uma pontuação uniforme, uma pequena desproporção entre linhas, uma leveza específica, participam claramente da poesia e estão nesse texto. Mas o factor que quanto a mim é decisivo em textos híbridos nem está do lado do escritor. Está sim do lado do leitor, com a leitura que faz, com o seu ritmo, pausas, interpretação global própria, espírito, etc.

FINAIS

1 É o fim, disse ele, mas já ninguém o ouviu.
2 É o fim, disse ele, e tudo voltou ao princípio.
3 É o fim, disse ele, mas na verdade era apenas o princípio do fim.
4 É o fim, disse ele, mas não estava sozinho e teve de continuar.
5 É o fim, disse ele, mas infelizmente era apenas o intervalo.
6 É o fim, disse ele, e morreu exactamente sobre a meta.
7 É o fim, disse ele, e ela concordou.
8 É o fim, disse ele, e não foi preciso repetir.
9 É o fim, disse ele, e foi mesmo a última coisa que disse.
10 É o fim, disse ele, e tinha razão, morreu ali mesmo.

Luís Ene
lido no Ene Coisas
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